segunda-feira, 1 de junho de 2009

A nova fase da publicidade: a ação e a reação

Dê alguma coisa para o consumidor e ele vai retribuir com a mesma atenção que você dedicou a ele. O futuro da publicidade passa pela lei da ação e reação: o que as empresas e os publicitários derem voltará em vendas.

Por Raphael Lacerda

No texto anterior, pedi para os leitores serem flexíveis, pois apenas questionando e recebendo as mudanças, entenderemos o estado atual da comunicação. A base da inovação está em questionar. As melhorias e as invenções nascem das perguntas; aceitar respostas apenas não leva a humanidade a evoluir.

O objetivo deste texto é retomar uma ideia que diversos publicitários utilizam em suas campanhas atuais, que é a de recompensar os consumidores. Acredito que estas ações representam uma mudança gigantesca e neste texto pretendo questionar se estamos ou não em uma nova fase da publicidade.

Entendendo a técnica publicitária como a comunicação de produtos e serviços visando venda, temos que:

1° fase da publicidade: anunciar

Representa uma comunicação simples, para avisar que naquele espaço existe determinado produto ou serviço. Por exemplo: um padeiro em uma pequena vila: sua publicidade se limitava a colocar uma placa avisando que em seu estabelecimento vendiam-se pães. Ele apenas anunciava seu produto.

2° fase da publicidade: diferenciar

A revolução técnica permite uma produção em escala e desta forma diversos concorrentes entram no mercado. Neste momento é necessário diferenciar. Se o produto na essência é a mesma coisa, crie algo que o torne único para o consumidor.

Nesta linha surge a publicidade tradicional, na figura do publicitário criativo e os espaços de mídia que aumentavam a exposição da mensagem. Repetindo a mesma mensagem, para fixá-la na mente dos consumidores. Assim o padeiro da vila começa a diferenciar seu produto através da mensagem exibida em diversos locais, afirmando que seu pão é mais “crocante” que o da concorrência.

Esta base não muda há algumas décadas e o jovem publicitário que entrar na faculdade hoje, em 80% das faculdades, aprenderá que é a única forma de se comunicar algum produto.

3° fase da publicidade – recompensar

Esta fase muitos conhecem e chamam como “dar conteúdo”, ou “gerar experiência”.

Na verdade, a ideia básica é que a empresa e os novos publicitários devem recompensar, de alguma maneira, para que a pessoa consuma a publicidade em um primeiro momento e só durante este processo que se comunique o produto de forma natural.

Para não confundir, o que motivou a segunda fase foi uma massificação dos produtos e serviços, já o que vai incentivar a terceira fase é a massificação da comunicação.

De uma fase em que os publicitários e os meios de massa eram a única voz com relevância para as empresas, passamos por mais uma evolução técnica, onde uma enxurrada de informação compete com estas duas vozes e repetição/criatividade não geram o mesmo resultado.

Chegamos na época em que é necessário diferenciar a comunicação dos produtos. Não basta apenas ser criativo, pois antes o consumidor estava preso à propaganda no intervalo da novela e hoje ele pode pular ou apertar o “mute” e ir para o computador, buscar algo que lhe gere algum valor.

Neste momento o publicitário precisa oferecer algo que recompense o tempo que o consumidor irá perder absorvendo a sua propaganda, e só depois de vendida a propaganda o publicitário poderá vender o produto de seu cliente.

Preste atenção nas campanhas de sucesso atualmente; boa parte delas utilizam deste mecanismo - eles são criativos em gerar diversas recompensas na comunicação em vez de apenas espalhar uma mensagem única em diversos meios.

Esta ideia de 360 (pegar uma mesma mensagem e espalhar em diversos canais) é limitada e ainda está na segunda fase, pois foca em diferenciar e repetir over e over, mas agora em mais canais.

Na verdade o usuário que viu um vídeo na TV, não quer vê-lo de novo no site da empresa, mas deseja recompensas diferentes nas mesmas campanhas. Por exemplo: ver uma edição diferente só para a web e poder indicar para seus amigos; de alguma forma o consumidor ganha algo com isto, ele é recompensado.

A estratégia de uma boa campanha de recompensa pode ser comparada com um jogo de videogame. Isso mesmo, o que leva você a zerar completamente um jogo como o Super Mario Bros não é apenas a ideia de salvar a Princesa no final.

Se este fosse a única recompensa, lá pela terceira fase você desistiria, mas não…. no Super Mario a cada rodada de fases você recebe pequenas recompensas que o estimulam a continuar o jogo; primeiro você pega o Yoshi, depois ganha a Pena para voar e por aí vai, ganhando mais e mais recompensas diferentes que o estimulam a continuar o game e chegar no final.

Em uma campanha desta nova fase da publicidade, acontece basicamente a mesma coisa - cada ação deve ser uma recompensa para atingir o objetivo final. A publicidade tradicional e os anúncios não irão sumir, mas auxiliarão este mecanismo, vendendo não o produto, mas a comunicação e a recompensa.

As estratégias das campanhas serão formatadas em pequenas recompensas que farão o consumidor passar de uma plataforma para outra e neste processo receber a publicidade, sem interromper e nem agredir, ele está participando de algo por que quer.

Um exemplo de campanha recente usava uma revista com o objetivo de chamar para o site. A revista oferecia uma recompensa para que o usuário fosse para o site. Só no site que existia uma comunicação de venda, através de um jogo que continha o produto, que acaba por ser uma segunda recompensa.

Vale a pena passar adiante?

Outro exemplo é o seu vídeo viral, que você achou interessante mas quase ninguém está falando ou vendo. O que aconteceu de errado?

Você pensou em uma recompensa? O que o usuário vai ganhar vendo seu vídeo? Por que vai repassá-lo para sua pequena rede de amigos?

Existe uma recompensa para ver o vídeo e outra para que o usuário passe para alguém.

Ser engraçado já basta para uma visualização, pois é uma recompensa ter alguns momentos de alegria. Mas para espalhar a comunicação é preciso pensar em outra recompensa, pois quando se transmite algo, isto fica ligado a pessoa.

Transmitir informações favoráveis para sua rede de amigos é uma recompensa também, pois o usuário ganha pontos se transmitir algo de valor e o conteúdo e o momento engraçado ficam ligados àquela pessoa.

Continuando, o viral é um incentivo, mas ele não deve ser finito. Assim como também usar apenas o espaço da TV de 30 segundos para comunicar algo que termine por ali mesmo. A ideia é incentivar, através de pequenas recompensas diferentes em diversos espaços, uma ação maior que será mais natural e neste momento venderemos realmente o produto para o consumidor.

Em vez de repetir infinitas vezes um vt na TV, faça algo impactante, algo que as próprias pessoas coloquem no YouTube e que lá ganhe suas repetições. Use parte da verba que iria apenas para os meios de mídia e crie uma canal para as pessoas falarem.

Acredito que o futuro da publicidade está na lei da ação e reação. O que as empresas e os publicitários darem para o consumidor, voltará em vendas para eles.

Não confunda recompensa com promoção - a recompensa tem que ser para todos os clientes e não apenas alguns escolhidos ou sorteados. Nem pode exigir muito do consumidor, como trocar cupons ou juntar tampinhas. A ideia representa alguma satisfação momentânea que a empresa está gerando para seus consumidores.

Estas informações são apenas questões para a reflexão; não se trata de um modelo, mas apenas algo para pensar e questionar também. No outro texto tratarei algumas maneiras de pensar este planejamento por recompensa.[Webinsider]

A série até agora:
Comunicação publicitária entra em nova fase

Postado por Gustavo Sígolo

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Agências aos clientes: usem logo a internet

Agências aos clientes: usem logo a internet

06 de maio de 2009, 21:59

Agências de criação, planejadores de mídia e publicitários conversam com os empreendedores para mostrar destinos eficientes e seguros da verba de marketing no ambiente online.

Por Camilla Valadares

O que falta para anunciantes e agências entrarem de vez no mundo online? Esse foi o mote do debate fomentado pela Hi-Mídia na última terça-feira (5) em Brasília.

Segundo o anfitrião do evento, Julien Turri, os primeiros banners foram vendidos nos Estados Unidos em 1995. De lá pra cá, praticamente 14 anos, anunciantes e agências de publicidade tradicionais mantém o repertório limitado e ainda não aproveitam a infinidade de ferramentas disponíveis no mundo online.

Reflexo disso foram as falas dos lados da moeda, durante o seminário Mídia Online: Como estar presente e ter sucesso, no evento promovido para fomentar o mercado.

Apesar dos palestrantes confirmarem uma informação que já tava aí pra todo mundo ver: brasileiro é doido por internet, aliás mais do que qualquer outro povo, mas muita gente ainda tem medo desse bicho.

O que assusta na internet? Pode ser a interatividade ou simplesmente a velocidade dos avanços tecnológicos que causam medo, mas como disse Abel Reis, da Agência Click: “existe segurança e argumentação técnica para fundamentar investimentos em mídia online”.

Então onde está o problema? Depois do seminário, me parece que é em algum lugar entre a coragem de sentar e defender a mídia online para o chefe ou cliente e a decisão de migrar a verba das outras mídias para a internet. Tudo bem, vamos com calma.

Existe ainda outra resistência, baseada mais no imaginário do que nos fatos, vejamos.

Há quem diga que um produto não tem nada a ver com internet, pelo perfil do público-alvo. Será mesmo?

É evidente o acesso à internet por parte das classes A e B, até mesmo diante do preço da internet no Brasil, mas agora há forte presença das classes C e D no ambiente online, um dos pontos reforçados durante o seminário.

Este movimento se dá prioritariamente em redes sociais, espaços de interação e socialização, grande parte das vezes acessados em centros comunitários, escolas e lan houses. A classe C é de longe a que mais está presente a cada 100 usuários brasileiros de internet. Nas favelas, existem pessoas ganhando dinheiro com a internet - pagam contas, fazem e-mails e vendem produtos. Então por que não pensar em perfil no Orkut para apoiar um determinado produto voltado pra esse público?

Sendo assim, diante da necessidade da presença digital, o cliente fica em dúvida. Procurar uma agência especializada? Procurar uma agência tradicional? Entrar em tudo quanto é rede social? Talvez.

Mas algumas dicas são interessantes:

  • Procurar especialistas que já sabem muito bem onde estão pisando e podem apontar as melhores ferramentas e espaços para o seu serviço ou produto;
  • Monitorar e fazer ajustes. Uma das grandes vantagens da web é o rastreamento de tudo que acontece com sua peça/investimento;
  • Redes sociais: sim, estar presente em redes sociais, mas sem tentar se aproveitar exageradamente do espaço, já que as pessoas que estão ali não estão interessadas em propaganda simplesmente. Abusar, saindo da espontaneidade da comunicação nesses espaços, pode criar um problema de credibilidade;
  • Perder o medo da liberdade e da interatividade na internet. Críticas e até mesmo aparentes ou supostas pixações podem servir como fonte de pesquisa para mudanças, reposicionamentos e até grandes viradas. Grandes empresas já passaram por isso;
  • Perder o medo de mexer na verba publicitária voltada a veículos “convencionais”. Isso não impede suas presenças no mix de mídia, mas possibilita que você passe a investir em um lugar onde seu público com certeza está: brasileiros são recordistas na internet.

Moral da história? A internet é mesmo ‘o lugar’ e não há mais muita desculpa para não estar presente. Quem precisar de argumentos para se convencer ou convencer alguém já sabe: os dados e os especialistas estão na rede, é só clicar. [Webinsider]

Postado por Gustavo Sigolo

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Como seria se a sua marca deixasse de existir?

Branding

Como seria se a sua marca deixasse de existir?

01 de junho de 2009, 21:15

Em tempo de mudanças, os que aprendem herdam o mundo; os que já sabem tudo, por outro lado, estão muito bem preparados para um mundo que deixou de existir.

Por Cezar Bianchi

Algumas empresas podem acomodar suas marcas numa posição confortável de lucro “garantido” e sofrer com o novo contexto de transformação no mundo em que vivemos. Os períodos de crise e recessão são um exemplo de acontecimentos que impactam diretamente na percepção de muitas marcas.

Mas não é só isso, outros fatores podem contribuir para que uma marca perca a diferenciação e a posição de destaque na mente dos consumidores: players mais dinâmicos, tendências de mercado, globalização, sustentabilidade, mudanças no comportamento do consumidor e novas tecnologias são alguns deles.

A cana-de-açúcar e o milho, por exemplo, são, atualmente, mais relevantes na categoria de combustível ou alimento? E o pager, um aparelhinho de envio e recebimento de mensagens pré-SMS muito popular no começo dos anos 90, você se lembra de alguma marca deste tipo de serviço?

Estas mudanças parecem naturais hoje em dia, mas há algumas décadas se alguém dissesse que marcas como a PanAm, Mappin ou o Banco Nacional estavam com os dias contados, a maioria das pessoas provavelmente não acreditaria. No filme “2001. Uma Odisseia no Espaço” de 1968, Stanley Kubrick utilizou na Orion III, uma das aeronaves futuristas do longa-metragem, o logotipo da PanAm. O diretor apostou que a marca ainda existiria no século XXI.

Estas marcas já foram consideradas como grandes representantes de suas categorias, porém, hoje em dia não fazem muita falta. Os tempos mudaram, estas marcas não.

Como manter, então, a relevância de uma marca num cenário de mudanças tão contundentes e quebra de paradigmas cada vez mais frequentes? Para se ter uma ideia, em pouco menos de 10 anos já passamos por algumas turbulências econômicas, revoluções tecnológicas, discussões ambientais entre outros acontecimentos que, de alguma maneira, modificaram a maneira como vivemos. E eles tendem a se tornar cada vez mais frequentes.

O que uma empresa precisa saber, então, é que, apesar de decisivos, os períodos de instabilidade não são eternos. Uma marca forte pode conter os diferenciais necessários para suportar os tempos de mudança e ainda criar um cenário favorável para inovações que signifiquem a perenidade do negócio após estes momentos.

Veja o caso das sandálias Havaianas que, mesmo com a incerteza econômica, evitou a comoditização do produto e a guerra de preços com concorrentes investindo ainda mais na percepção de valor da marca. A empresa abriu recentemente uma loja-conceito em São Paulo onde estreita os laços com o mundo da moda distanciando-se dos atributos funcionais utilizados no passado e fortalecendo o relacionamento emocional com os clientes.

O resultado é que, mesmo com o preço das commodities utilizadas na fabricação do produto caindo, a marca manteve seus preços sem afetar a percepção do consumidor. A marca agregou valor, afastou-se do fator produtivo e possibilitou a criação de produtos e abordagens relevantes que se adaptam aos momentos de instabilidade.

E se a sua marca deixasse de existir hoje, como reagiriam a sociedade, seus clientes e a concorrência? Eles sentiriam alguma falta? Se a resposta para esta pergunta for não, você, certamente, tem um problema. Sua marca pode ter perdido os atributos que a diferenciavam no mercado e, com isso, a relevância para os consumidores.

É o que acontece com as montadoras americanas. Você pode acreditar num mundo sem carros da Ford ou GM? Estas empresas, além dos problemas administrativos, basearam seus portfólios em marcas muito parecidas e fundamentadas na potência e desempenho.

Subestimaram as mudanças que apontavam para um mundo mais sustentável na economia e meio-ambiente e perceberam tarde demais que o setor de veículos deveria se voltar a produtos mais baratos e menos poluentes. Esta nova necessidade criou um espaço em nossas mentes e pode ser preenchido por uma marca posicionada para atender esta demanda com mais agilidade, como, por exemplo, as que emergem da China e Índia.

Criar relevância por meio de uma promessa crível é a maneira mais assertiva de se construir uma marca, depois é preciso analisar o momento e criar atributos que agreguem diferenciais à ela. A Apple, por exemplo, soube aproveitar as oportunidades e os potenciais da marca para expandir o negócio de computadores e entrar no segmento de comunicação e entretenimento. Para isso, deixou até mesmo de manter no logotipo a palavra Computers, uma associação que limitava esta nova estratégia.

Você não precisa mudar de marca, mas deve conhecer as necessidades e desejos da sociedade e rever as percepções sem importância ou até negativas que as pessoas adquiriram dela ao longo do tempo. O ex-CEO da Harley Davidson, Richard Teerlink, costuma dizer que “Em tempo de mudanças, os que aprendem herdam o mundo; os que já sabem tudo, por outro lado, estão muito bem preparados para um mundo que deixou de existir”. 

Postado por: Gustavo Sígolo

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